quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O voo do besouro

Ao recordar de minha infância, logo lembro que no quintal de minha casa havia um grande pé de caquí. Lembro-me de como ele era alto, seu tronco era largo, sua casca grossa, e de como era gostoso brincar debaixo de sua sombra, ouvindo o burburinho dos pardais.



Entretanto, por ele ser muito alto, era uma tarefa quase impossível conseguir comer alguns de seus frutos. Caquí maduro quando cai de muito alto se esborracha todo pelo chão, de sorte que eram os besouros que ali faziam a festa naquela época do ano.



Por ser filho único, passei minha infância brincando sozinho no quintal de casa e os besouros, pelo menos uma vez por ano, vinham me visitar. Eu gostava demais de observá-los andando, voando, comendo e se lambuzando de caquí… pra mim, que naquela época era uma criança de 6 anos, estes eram momentos de muito encanto e assombro com aquelas criaturinhas destrambelhadas, que eu não sabia de onde vinham, nem para onde iam, mas sabia que em época de caquí maduro, eles sempre apareciam.



Foi então que recentemente, num destes domingos de sol tímido e muitas nuvens no céu, enquanto eu olhava pela janela do meu quarto e saudava o novo dia, sem querer fui invadido pelas lembranças dos besouros que vinham brincar comigo debaixo daquele pé de caquí.

No meio daquelas imagens nostálgicas, o Espírito Santo como o narrador da minha história, rasgou o silêncio e disse suavemente em meu coração: - Observe o voo do besouro.



É maravilhoso quando Deus rasga o silêncio dessa forma e resolve falar por meio da criação. Semelhantemente aos discursos de Jesus sobre observar os lírios do campo e as aves do céu, quando Deus usa a própria criação para se comunicar conosco, espera-se sempre que venha uma valiosa lição.



E naquele momento a palavra foi clara no meu coração! Eu devia observar o voo do besouro! Mas para que? Qual era o propósito daquilo e o que Deus estava querendo me dizer?



Conectei na internet e logo comecei uma breve pesquisa sobre o assunto. Descobri que o voo do besouro é uma impossibilidade teórica que só funciona na prática. Contam que há muito tempo, vários dos melhores cientistas e engenheiros aeronáuticos, recrutados dentre os mais brilhantes e expressivos em várias partes do mundo, reuniram-se para estudar o besouro. Estudaram com redobrado afinco esse curioso e desajeitado inseto, vindo a constatar que sua aerodinâmica era tremendamente errada; sua superfície exageradamente alta e portanto bastante deficiente; além do seu peso muito bruto e excessivo.



Após deliberarem sobre a sua potência de voo também visivelmente fraca, afinal suas asas eram pequenas demais e seu cérebro microscópico, incapaz de enfrentar as complexas tarefas do voo, os cientistas concluíram e provaram por A + B, após uma série de elaborados cálculos e gráficos, que tal aberração da natureza jamais poderia voar.



Entretanto, mesmo com tantas evidências contrárias, a grande verdade é que os besouros também voam e desde muito pequeno eu já testemunhava esse maravilhoso milagre de Deus!

Por isso, no momento que escrevo este texto, sinto que vale a pena te dizer querido(a), que já não importa se um dia deliberaram algo sobre você dizendo: “você é fraco”, “você não tem capacidade”, “você não consegue”, “você nunca será alguém” ou ainda “seus sonhos são altos demais pra alguém como você”.



Filho(a) observe o voo do besouro! Talvez o grande segredo do voo bem sucedido dos besouros esteja no fato que eles nunca deram ouvidos para aquilo que os outros diziam sobre eles, portanto tenha a convicção que pra Deus não há impossíveis e mesmo que você seja uma impossibilidade científica e esteja cheio de limitações, apenas creia que tal como os besouros, você também pode levantar seu voo contrariando todas as evidências!



Eu não sei quais são as limitações que hoje te impedem de prosseguir, mas não importa se elas são físicas, financeiras, psíquicas ou espirituais, porque independente de tudo isso, pela fé asseguro que Deus pode fazer o impossível acontecer chamando à existência as coisas que não existem.



É Deus, o Soberano Senhor e Autor da vida, quem escolhe “as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolhe as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes” (1 Coríntios 1.27). É Ele quem “levanta o pobre do pó e da miséria, Ele exalta o necessitado para o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de glória; porque do Senhor são as colunas da terra, e assentou sobre elas o mundo.” (1 Samuel 2.8).



Com isso quero ministrar ao seu coração essa verdade. Que você possa contrariar em nome de Jesus, todas as evidências que tentam te desanimar e frustrar seus sonhos. Que você possa levantar seu voo, mesmo apesar de tudo dizendo o contrário, a fim de que sua vida testemunhe para glória de Deus que os besouros também voam!



Um forte abraço!



::Por Mariel M. Marra



Bacharel em Teologia. Atualmente presta apoio ao Ministério Justiça de Deus (JUSDEI) da Igreja Batista da Lagoinha.



marielmarra@gmail.com



Mudanças (texto em transição)






Mudanças acontecem ou são planejadas. Neste caso, ela foi desejada e sua realização está sendo como uma gravidez que se desenvolve. A espera assume aqueles aspectos de coisa desconhecida da qual não temos controle, só aceitar e fazer o que nos compete para que tudo dê certo.



Enquanto a hora não chega, desenho mentalmente o aspecto do novo espaço, a composição do ambiente, a aceitação das limitações e a impossibilidade de em curto espaço de tempo fazer tudo que acho ideal. Esta mudança é um desafio que assumi.



Um dos detalhes de mudanças é existir o que levar e o que deixar para trás. É preciso não ocupar todo o espaço com o já existente, deixar brechas para o novo, a serem preenchidas ao sabor das disponibilidades. Do contrário, não haverá mudança, mas mera transposição de móveis e utensílios.



Entretanto, como deixar para trás esta plantinha que resiste a todas as intempéries, valente, no canto do terraço? Exercício de desapego. Não ocupar lugar novo com coisa velha. Se não, é faz de conta, mudança aparente. Fazer as malas com coragem e discernimento. Muito trabalho. Abandonar o antigo, preparar o novo. Vencer resistências, condicionamentos, padrões, comodidade.











05/03/2008

Diana Goncalves

Publicado no Recanto das Letras em 06/03/2008

segunda-feira, 23 de novembro de 2009


Alguns dias atrás meu celular apitou trazendo a minha memória algo importante. Já fazia um ano desde de que eu fiz um pequeno estudo sobre o ciclo anual judaíco e decidi que aplicaria a sabedoria que havia aprendido neste estudo ao meu dia-a-dia. E ali estava meu celular me avisando que já se iniciava um novo ciclo e que eu não havia cumprido o anterior. Naquele momento, frustrado com a promessa quebrada, me pus a pensar: "O nosso viver é cíclico". Somos livres, mas andamos em círculo. Todos os dias nos levantamos e enxergamos os mesmos problemas, as mesmas dificuldades e obstáculos, as mesmas montanhas sempre. Só mudamos o ânglo de visão.

Essa foi a conclusão em que cheguei. A vida em que vivemos, rotineira e cotidiana, é para nós, como se fosse um grande vale. Estamos cercados por aquilo que passarei a chamar daqui pra frente de montanhas, pois estas representarão os nossos grandes desafios. Acordamos e enchergamos desafios por todos os lados, uns grandes e outros pequenos. Alguns desafios são tão pequenos que até os julgamos insignificantes, mas estes não deixam de ser para nós um desafio. Poderia eu então dizer que vivemos cercados por montes montanhas e pequenos obstáculos. Assim é viver em um vale. Acordamos pela manhã, abrimos os nossos olhos e lá está a grande montanha (os problemas, as dificuldades, os desafios...). Então decidimos se a vamos encarar ou se simplesmente vamos pegar um atalho. Na maioria das vezes optamos pelo atalho e o atalho simplesmente nos põe de frente a um novo monte. Então, é aí que afirmo que o nosso viver é cíclico, pois os atalhos sempre nos levam a ficar rodando entre uma montanha e outra, mas nunca a sair do vale.
Mas, por quê não encaramos a montanha? Por causa do tamanho dela? Por receio daquilo que encontraremos no topo dela? Por preguiça mesmo? Não sei quais são as suas razões, mas sei que cansei de viver neste vale. O frescor é realmente muito bom, mas cansei de ficar na sombra. Eu decidi que vou subir a montanha e se quiser... te vejo no topo da Montanha.


"Transformarei todas as montanhas em caminhos..." (Deus)